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O conceito de economia circular, embora referido desde os anos 70, tomou força com as publicações da Ellen MacArthur Foundation e a respetiva discussão no Fórum Económico Mundial em Davos, em 2012. O conceito é simples: alargar a vida útil dos produtos ou materiais através da sua reutilização. No entanto, é preciso entrar um pouco mais nesta definição para perceber a sua complexidade e a sua ligação a um conceito mais vasto: o da Sustentabilidade. Afinal, será que a utilização de palhinhas de plástico é sustentável desde que as ponhamos no ecoponto amarelo?

Tomemos o caso mais simples: temos um cortinado que já não combina com a nossa decoração atual e decidimos utilizar o tecido para fazer uma almofada. Como sabemos costurar e temos uma máquina de costura parada lá em casa, tratamos do assunto nós mesmos. Sustentável? Desde que precisasse da almofada, sem dúvida. Consumimos pouquíssimos recursos para a conversão e poupámos os recursos da alternativa: processo de produção do algodão, tingimento do tecido, transportes para e da fábrica até à loja, processo produtivo na fábrica, nossa deslocação até à loja, etc. Recursos materiais e energéticos poupados. Sustentável.

Agora façamos o exercício para um edifício construído de forma tradicional ao longo de todo o ciclo: Mineração de materiais, produção dos elementos constituintes (betão, alvenarias, isolamentos, aço...), aplicação no local, com a consequente deslocação de centenas de pessoas para o local e utilização. Qualquer alteração implica demolições. No fim de vida, mais demolições. E o que acontece às muitas toneladas de alvenaria e betão? Na hipótese mais circular, serão desfeitos, utilizando energia adicional, para serem incorporados numa futura obra como agregado constituinte de novo betão (que por sua vez incorpora cimento novo, produzido com grande dispêndio de energia e libertação de gases de efeito de estufa). Pode ser circular? Sim, parcialmente, com grande gasto energético. Trata-se do ciclo longo da circularidade.

 

A construção tem de se adaptar em sentido figurado e literal. Um edifício pensado para permitir intervenções de adaptação interior é um edifício cuja demolição é adiada. Um T2 que se transforma em T3 por nascimento de mais um filho ou um T3 que se transforma em T2 porque o filho encontra a sua própria casa. Um escritório que se converte em habitação porque a pressão do mercado é muita. São exemplos de extensão de vida útil da parte estrutural que é, tendencialmente, a que incorpora mais materiais e energia. Este é um primeiro nível de sustentabilidade, claramente suportado por desenhos de edifícios pensados para a mudança e melhorado pela utilização de compartimentações internas desmontáveis e reaproveitáveis como as que se desenvolvem e montam já por todo o país pela Blufab. Mas podemos fazer ainda melhor.

Pensar que a estrutura do edifício é imutável é incorrer no erro de assumir que chegámos já, com betão e alvenaria, ao pináculo da forma de construir. Na verdade, não desmerecendo a estes materiais que têm e continuarão a ter o seu lugar, estamos hoje em condições de aproveitar deles o que têm de melhor e encontrar soluções alternativas, nomeadamente através de biomateriais que nos ajudam noutros campos também. Materiais construtivos que crescem nas árvores, literalmente. Pelo caminho, fixamos carbono que está a mais na atmosfera e criamos uma dinâmica no sector florestal que induza ao seu ordenamento e consequente minimização de libertação descontrolada de carbono ou, como é melhor conhecido, fogos florestais.

Através de uma construção pensada com estes objetivos, procuramos a modularidade do produto. Tal como o tijolo foi tipificado em dimensões, fazemos o mesmo com lajes e fachadas. Tal como a tijolo não implicou edifícios todos iguais, também agora não o faremos. No entanto, ao contrário do tijolo que tem de ser demolido e desfeito, sendo incorporado na construção futura apenas como resíduo, estes novos módulos são desmontados e reutilizados praticamente sem adição de energia ou novos materiais. Assim, a adaptação que pensámos para o interior, passa agora também para a estrutura. Estaremos então no ciclo curto da circularidade.

A diferença entre uma ideia e uma inovação é o contacto com o mercado. É assim que uma solução pode partir de uma ideia que pode não ser nova, mas ainda assim ser inovadora. É esta a realidade de hoje do Grupo Casais. Com o sistema construtivo CREE, estrutural, e as compartimentações interiores da Blufab, conseguimos reter toda a construção de um edifício no âmbito do ciclo curto da circularidade ao mesmo tempo que reduzimos o desperdício, melhoramos o caso económico pela flexibilidade do edifício e criamos melhores condições de trabalho por optarmos por uma construção em fábrica. Afinal, a Sustentabilidade não termina na redução de utilização de materiais e energia, mas enquadra também aspetos Económicos e, nunca menos importante, a componente Social.

 

Autoria: João Crispim

Head of corporate ESG | Grupo Casais

A circularidade, quando nasce, não é toda igual.

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