Recentemente, a ameaça do corte ao fornecimento de gás russo levou a que os Estados-membros da União Europeia sentissem a necessidade de repensar o gasto energético produzido por toda a Europa.
Apesar de alguns países como Espanha, Grécia, Itália e Bélgica terem já iniciado a implementação de novas medidas de redução do desperdício energético, o Governo português encontra-se agora a analisar quais a medidas a adotar por terras lusitanas.
A redução da iluminação em espaços públicos e comerciais, e a promoção de um uso mais limitado dos sistemas de ventilação e climatização por todo o território são possibilidades a considerar, já implementadas nos países acima mencionados.
E apesar destas serem soluções eficazes para ajudar a colmatar as consequências da guerra, continuam a ser medidas temporárias, apenas criadas para solucionar o problema a curto prazo. Posto isto, torna-se cada vez mais importante que possamos adotar soluções que possam não só remediar, como prevenir o desperdício energético que vivemos enquanto sociedade, todos os dias.
Fruto dessa necessidade, os últimos anos têm-se mostrado frutíferos para o setor da construção civil, que tem dado cartas rumo a um futuro mais ecológico, sustentável e eficiente. Afinal, a forma como projetamos e construímos os nossos edifícios tem uma contribuição significativa na redução do nosso impacto ambiental, e ainda na promoção da saúde e bem-estar global.
Nesse sentido, a eficiência energética tem ganho um lugar de destaque na lista de objetivos a concretizar, ao influenciar a escolha dos materiais escolhidos na construção de edifícios por todo o mundo.
Fique a conhecer algumas tendências de construção que prometem oferecer um maior potencial de eficiência energética aos nossos edifícios, bem como contribuir para uma sociedade mais sustentável a curto, médio e longo prazo!
O reaproveitamento de materiais tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade entre os profissionais, que se mostram comprometidos em substituir a energia fóssil por alternativas mais naturais, sustentáveis e eficientes.
As borras de café são um bom exemplo disso!
Segundo um estudo, recentemente divulgado pela Universidade de Aveiro, as borras de café podem melhorar a eficiência energética dos edifícios, quando misturadas nas argamassas de reboco das construções.
Para isso, basta que as argamassas sejam constituídas por 10% de borras de café, em substituição dos materiais comuns, como a areia, o que possibilita a diminuição da condutividade térmica de cerca de 47% e oferece uma maior eficiência energética aos edifícios.
Uma forma inteligente de reutilizar as borras de café, que de outra forma acabariam no lixo, sem qualquer utilização, e um ponto chave para a promoção de uma economia circular, que nos ajuda a reduzir o consumo de outras matérias-primas virgens habitualmente utilizadas.
No entanto, o potencial das borras de café não se limita apenas às argamassas.
Em 2013, uma equipa de investigadores da Universidade Nova de Lisboa decidiu estudar o resultado da junção de borras de café à massa de tijolos utilizados na construção civil. O estudo, publicado na revista Advances in Applied Ceramics, mostrou que estes tijolos conseguem aumentar a capacidade de isolamento térmico e sonoro entre 15 e 20%, sendo 50% mais leves que os tijolos normais.
No entanto, importa ressaltar que ainda que estes tijolos estejam dentro dos valores exigidos pelas normas europeias em diversas categorias, mostraram ser apenas indicados para paredes interiores, como camada interna das paredes exteriores ou ainda como substituição de paredes provisórias feitas de gesso.
De acordo com os autores do artigo, idealmente este poderia ser considerado um tijolo gourmet, que seria produzido em baixa escala, e apenas por encomenda.
Um verdadeiro mimo para a sua casa!
Sendo a argamassa e os tijolos fundamentais num edifício, afinal do que se vestem as paredes nesta nova era ecológica?
As paredes são consideradas uma das maiores fontes de perda de energia dentro de um edifício, daí o seu isolamento ser um fator-chave para garantir uma maior eficiência energética.
No entanto, a maioria dos isolamentos mostram ser prejudiciais à nossa saúde e bem-estar, bem como grandes inimigos do meio ambiente. Assim, diversos investigadores têm sentido o apelo para encontrar novas soluções de isolamento mais naturais e ecológicas, que permitam unir a eficiência energética à sustentabilidade ambiental.
E assim nasceu o novo “isolamento denim”!
Considerado uma das grandes tendências atuais no mundo da construção sustentável, o chamado “isolamento denim” é criado a partir de excedentes têxteis, originados durante o processo de fabricação das roupas de ganga.
Este isolamento mostrou ser um excelente isolador térmico, segundo um estudo realizado por um grupo de investigadores da Universidade de Perugia, o que ajuda a evitar a excessiva utilização de aparelhos de refrigeração ou aquecimento e, consequentemente, a diminuir os desperdícios de energia.
Para além de ser 100% reciclável, não contém produtos químicos nocivos ou COVs (compostos orgânicos voláteis), o que o torna num produto seguro, não tóxico e fácil de manusear.
Um isolamento ecológico, sustentável e eficiente, assente no modelo de economia circular e que promete ser o outfit perfeito para os nossos edifícios!
Mas... e o chapéu?
Não será ele uma parte fundamental nos nossos edifícios?
Quando pensamos na construção de um edifício, muitas vezes não contemplamos o papel fundamental dos telhados na eficiência energética do mesmo.
De acordo com a Associação de Fabricantes de Impermeabilização da Península Ibérica, os telhados dos edifícios representam 22% da superfície total das cidades, sendo que quase 20% dessa energia é desperdiçada através dos mesmos.
No entanto, a fim de evitar esse desperdício, os telhados começaram a merecer cada vez mais a atenção dos profissionais, que criaram novas formas de manter a eficiência energética dos edifícios, com a ajuda de coberturas inovadoras.
Uma das soluções mais apelativas é o telhado verde!
Esta técnica prende-se com a colocação de solo e vegetação no telhado de um edifício, o que para além de oferecer uma paisagem mais verde e bonita, acaba por tornar o edifício mais ecológico e inteligente.
O isolamento criado pelos telhados verdes ajuda não só a moderar a temperatura do edifício, como a reter o dióxido de carbono e a diminuir a quantidade de energia necessária para equilibrar a temperatura. Algo conseguido através da evapotranspiração, um processo que consiste na soma da evaporação da água pela superfície do solo e da transpiração das plantas, que acaba por chegar à atmosfera em forma de vapor.
Segundo um estudo publicado na Energy and Built Environment, os telhados verdes, comparativamente aos telhados tradicionais, conseguem consumir menos 2,2 a 16,7% de energia, sendo as variações de temperatura de 4°C e 12°C no inverno e no verão, respetivamente.
Desta forma será possível reduzir o gasto de energia diária por ar condicionado em mais de 75% durante o verão, de acordo com o Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá.
Mas os benefícios dos telhados verdes vão para além do consumo doméstico, visto que têm a capacidade de reduzir a temperatura global das cidades durante os meses mais quentes. Estas tornam-se naturalmente mais frescas, o que acaba por diminuir o desperdício de energia global.
E apesar dos telhados verdes serem uma solução apelativa, os profissionais desenvolveram outras técnicas inovadoras, que prometem tornar os nossos telhados cada vez mais eficientes.
Uma dessas técnicas é a criação de telhados frios!
Telhados e coberturas, que pelas suas propriedades e cor têm a capacidade de refletir a luz e o calor solar, e ainda evitar o sobreaquecimento dos espaços. Uma técnica que mostrou ter o poder de diminuir o calor dos edifícios, ao reduzir a sua temperatura interior e, consequentemente, a necessidade de ligar aparelhos de climatização.
Através de uma pesquisa realizada pela Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW Sydney), foi possível provar que a implementação de telhados frios por toda a austrália consegue atingir resultados bastante positivos, a diversos níveis. Pois para além de reduzir as contas de energia, e as temperaturas internas e externas, conseguiu ainda melhorar a saúde da população mais vulnerável.
Comparativamente aos telhados tradicionais, que acabam por absorver mais luz do que refletir, os tetos frios têm a capacidade de diminuir as temperaturas internas dos edifícios em até 4 graus Celsius, sendo que o número de horas acima dos 26 graus Celsius seria reduzido em 100 horas, diz a mesma pesquisa.
Quanto às temperaturas externas, os telhados frios mostraram ser capazes de diminuir as temperaturas das cidades em até 2 graus Celsius durante o verão, e reduzir o pico da temperatura entre 1,5 e 2 graus Celsius.
De acordo com a mesma fonte, se toda a cidade de Sydney adotasse os telhados frios, o consumo de energia usado para tornar os edifícios mais frios diminuiria até 40%. Valores aliciantes, para quem procura um maior conforto aliado a uma maior eficiência energética.
Mas para além das tendências acima mencionadas, novos sistemas de construção começam a dar que falar pelo mundo fora!
Soluções inovadoras, mais ecológicas e funcionais, que oferecem um enorme potencial de eficiência energética, sempre aliado a uma estética bastante apelativa.
Tradicionalmente utilizado como material de construção em alguns países, como o Japão, China e Índia, o bambu tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade junto da construção civil um pouco por todo o mundo. Não só por ajudar a construir edifícios mais sustentáveis e energeticamente eficientes, segundo um estudo levado a cabo pela Universidade de Cambridge, mas também por ser um material que oferece bastante versatilidade!
Apesar de possuir propriedades semelhantes às da madeira, o bambu mostrou ser um material bastante mais leve, podendo ser utilizado na construção de todas partes da casa, tais como paredes estruturais, colunas, telhados, portas e janelas.
Contudo, os benefícios do bambu vão para além dos acima mencionados. De acordo com um artigo científico publicado no Jornal de Arquitetura e Construção Asiática, quando cultivado e colhido de forma consciente e sustentável, o bambu pode ter um impacto mais positivo no meio ambiente do que os habituais materiais de construção.
Enquanto a fabricação de cimento consome grandes quantidades de energia e emite grandes quantidades de CO2, o cultivo de bambu é considerado uma das melhores formas de reduzir o efeito de estufa no planeta, enquanto possuiu um menor requisito energético para produção.
Tendo a capacidade de absorver essas quantidades de dióxido de carbono que, por sua vez, se mantém armazenado quando usado em construções, o bambu torna-se numa solução mais ecológica do que a maioria dos materiais habitualmente utilizados na construção civil.
Os mesmos especialistas defendem ainda que o aumento do uso de bambu pode mesmo ajudar a reduzir a desflorestação excessiva, ao proporcionar uma redução de 70% na madeira utilizada nas plantações!
Afinal, porque não uma casa de bambu?
Por último, não poderíamos deixar de mencionar uma das maiores tendências da atualidade no sector da construção civil: as soluções construtivas off-site!
Já considerada como uma das maiores inovações no setor da construção civil, a construção off-site consiste no pré-fabrico padronizado de componentes individuais, que podem ser montados no local desejado de forma rápida e limpa.
Uma construção mais consciente, que para além de promover o uso de matérias-primas mais sustentáveis, como a madeira, ainda permite otimizar o armazenamento de CO2 em 80%. Para além disso, este modelo construtivo reduz ainda os custos iniciais de investimento, manutenção e aumento do ciclo de vida, o que possibilita uma redução do consumo de recursos económicos e energéticos a curto e longo prazo.
Uma alternativa eficiente e criativa, associada à sustentabilidade e responsabilidade social, que promete revolucionar o setor da construção por todo o mundo.
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